É notória a influência que a TV exerce sobre a sociedade brasileira, que acabou se acostumando à passividade de assistir, sem direito a questionamentos, às grandes vitórias e derrotas de políticos, artistas e personalidades.
A galinha dos ovos de ouro, descoberta por Chateaubriand, seduziu os intelectuais, que já demonstravam há tempos serem capazes de manobrar opiniões em massa. De posse das ferramentas, não precisou muito para que estes arquitetos “cheios de boas intenções” montassem suas equipes de operários e construíssem seus impérios.
O regime concessionário do país deu a poucos o direito de passar adiante suas idéias, através de uma pseudo-comunicação, em que o receptor tem o direito de receber, só isso! Os interesses desconhecidos levaram ao topo ilustres desconhecido, aclamados pelo frisson de uma nação que se autodenomina capaz de realizar suas próprias escolhas, deixando passar batido a quase imperceptível, opção que alguns fizeram por ela.
Os poucos que conseguem enxergar essa baliza gritam como loucos, desacreditados em meio a uma multidão que faz coro, de frente a linhas coloridas e bem definidas agora via digital, calados pelo alto som Double áudio de potentes home theaters.
A história recente deste veículo cinquentão consegue a proeza de em pouco tempo reprisar as mesmas histórias, em que interesses pessoais se cruzam e duelam. Tornam-se públicos assuntos escondidos, o chão se abre para o declínio do limite e, sentada de frente ao centro da atenção familiar, a nação assiste confusa a uma guerra onde ela é o prêmio principal.
A última guerra a vir tona, por exemplo, interrogava sobre interesses dos “bem intencionados”. De cada lado uma história digna de esquecimento, um espelho em riste, os dois lados mostraram os defeitos alheios, só os alheios...
Ora, que os contratos escusos da ex-atual maior potência da comunicação brasileira continham irregularidades, os loucos desacreditados já sabiam. Que as ofertas alçadas contribuíram para a construção de um império em nome de um de seus mandatários e não da coletividade, eles também já sabiam. Mas afinal, porque ouvi-los? Ou melhor, como ouvi-los?
Então, que a guerra continua afinal sangue dá audiência no Brasil, ainda que este não seja vermelho. Quem ganhará a concessão das escolhas da massa? Só o tempo dirá. Então, sentemos a frente “dela” e ofereçamos mais um viva à ingenuidade nacional e um brinde à vitória dos emissores? Nem pensar, prefiro continuar gritando ainda que a tecla “mute” esteja acionada.
A disputa agora reprisa uma capitulo que os “loucos” também já cansaram de assistir, pois mudam-se apenas os personagens, mas o roteiro idêntico, patético e sofrível é rebobinado e exibido mais uma vez. Não adianta publicar as falhas, não adianta falar de erros, eles só existirão se deixarem que eles existam. No demais o frisson irá continuar aclamando qualquer um, que se quer se conhece. Afinal aquele a qual foi atribuída toda a credibilidade disse que “isto ou aquilo” é o melhor. _ Não preciso saber mais nada a respeito, confio muito em você, vi na TV que você reduziu a fome e acabou a crise, ainda que não tenha percebido nada no meio dia-a-dia. Frente a isto, a alternativa da mídia forçada ao silêncio, desponta então como uma ancora em meio a este passado-presente tempestuoso, o escape?
Gritemos na internet e nos jornalecos mal diagramados, espalhado-os aos sóbrios pelas vias das cidades... Perda de tempo, a massa prefere uma péssima novela ao invés de uma ótima leitura. Quem faz essa escolha? Ela mesma, ou pelo menos ela acha que faz. Não importa se saciado ou com fome, no final da história todos estarão feito zumbis caminhando felizes sabe lá Deus pra onde, com os olhos brilhando refletindo as cores vibrantes de mais um programa.
O grito de guerra puxado em áudio stereo vai se repetir pedindo pra “mutar nossas vozes”, afinal de contas somos obcecados em ver maldade e segundas intenções em tudo... Então porque gritar se o volume estará tão baixo a ponto de estar imperceptível? Ora não dizem que somos loucos?
Então façamos por onde fazer valer essa insanidade... Caso não tenha encontrado sentido algum nas linhas acima, pode me chamar de louco.
Saudações a você que compreende e entende o que eu escrevo. Será um prazer gritar com você também...
ALMIR JUNIOR